Avançar para o conteúdo principal

Inimigo número 1, por Ângelo Daniel A. Silva


Não será difícil perceber o quão extremadas estão hoje as posições. As crises nisso, sem sombra para dúvidas, são realmente diabólicas. Entenda a cara pessoa que lê esta pequena opinião que as crises não são novas. Pandemias não são novas. Mas sobretudo as tentativas de mudança de paradigma, seja de que maneira for, não são, igualmente, novas. Posso não ser muito velho neste mundo e não conhecer todos os detalhes que me rodeiam, anormal seria, porém não posso deixar de afirmar que tendo a ver uma certa euforia em demasia em relação aos tempos recentes. Há que deixar claro que pandemias destas assolam gerações em gerações e nunca deixarão de assolar, por muito que tentemos. A natureza é mesmo assim. Sabendo isto, é de difícil compreensão o porquê de toda a vez que somos confrontados com um passatempo passageiro, sermos quase levados, como que ao colinho, por ideologias, argumentos e sistemas falhados já no passado. Tal e qual como as pandemias e as crises, elas/es voltam, porém já não por causas naturais, como estes dois, mas sim de tentativas oportunistas de aproveitamento total da situação, levando todos a acreditar que o patinho feio para tudo o que está de errado com o mundo é sempre o mesmo, o Capitalismo.

Em certa medida podemos mesmo afirmar que O Capitalismo é um dos personagens não ficcionais (e, claro, abstrato) mais diabólicos já retratados pelo filme que se começa a tornar este novo paradigma de crítica e tentativa de desmoralização sistemática que nos é todos os dias apresentado. A forma como a crítica é hoje feita não mais se assemelha sequer ao que antes era feito por rivais confessados de tal sistema. Basta um simples cartaz a dizer “Não é fogo, é Capitalismo" e a oposição está feita. O nível de discussão tornou-se tão inferior que é de difícil perceção o porquê de não existir um claro "contra combate" a todo este fanatismo repetente da História. Sinto-me, enquanto jovem que vê as virtudes que o Capitalismo de livre-mercado trouxe ao mundo e a todos aqueles que tentaram aceder a este sistema por todo o globo, obrigado, de uma maneira quase radical, a defender tudo isto. E não só por acreditar vivamente em tal sistema. De alguma maneira não vejo este trabalho mais ideológico a ser feito pelo grande partido da oposição e por tantos outros nomes importantes, fulcrais para uma conscientização dos da minha geração. A verdade é que não foi a direita a trazer-me para política. Foi a esquerda. E é muito simples perceber porquê. A esquerda tem o carisma que falta à direita. E o pior, tem a plena noção que a ideologia continua a ser importante como bandeira a ser constantemente falada para atrair jovens com garra de fazer o bem pelo mundo (Pelo menos, segundo a visão deles). E o problema centra-se essencialmente aí. Enquanto que a "direita" mais tradicional portuguesa acha assunto de café falar de ideologia, a esquerda traz cá para fora a ideologia à força toda. (E talvez a votação seja um reflexo disso). A meu ver falta essencialmente isto, quando o objetivo é ter apoio jovem.

Mas, sendo liberal como sou, não tenho qualquer tipo de problema em ser mais um a  assumir a sua vontade de falar e defender, por sua própria vontade, este sistema que nos trouxe até aqui e que é responsável pelo maior crescimento do nível de vida da população mundial, em geral, de sempre, juntamente com a maior queda de pobreza extrema da história de toda a humanidade. Responsável igualmente por todo progresso tecnológico que nos permite resolver problemas que até há bem pouco tempo pareciam não ter solução, como as alternativas às energias fósseis. É exatamente por existir uma perspetiva de lucro que tudo isto é possível. Como muitos dizem "Não existe almoço grátis" e dada essa circunstância é de se esperar que quem arrisca uma parte da sua vida e do seu património em algo tão incerto, como eram à bem pouco tempo os carros elétricos (e tantos outros exemplos), tenha sim a recompensa do lucro. É o sistema capitalista de livre mercado que leva o mundo para a frente, esteja este muito intervencionado ou não. Poderia prolongar-me com mais exemplos, mas entendo que não é esse o objetivo de toda esta opinião. E, sendo assim, deixarei para outra altura este outro assunto que não deixa de ser de extrema importância.

Apesar de tudo, conquistas "tão simples" como estas, nunca nos conseguirão tirar.


Ângelo Daniel A. Silva

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Constituição é “para inglês ler” e outros arrelios em tempos de confinamento, por José Eduardo Oliveira

Tive recentemente a oportunidade de escrever neste espaço, o que é para mim um grande gosto. Pretendo, de forma própria, trazer a debate pequenas reflexões sobre determinados assuntos que me preocupam, tentando alargar a respetiva reflexão. Os comentários vão em jeito de breves notas, o que se deve, essencialmente, a dois motivos. O primeiro, a tentativa em ser breve: julgo não precisarmos de muito para dizer muito. Depois, e numa nota mais particular, porque não me quero obrigar a ser perentório. As reflexões que se seguem destinam-se a reparar ou notar determinadas inquietudes e quase nada mais; o resto fica para o leitor. I.     Vivemos tempos de anomia e de exceção. A atual situação pandémica tomou aos poucos os nossos pensamentos e, a uma velocidade generosa, vai-nos talhando determinadas liberdades. Não podíamos esperar outra coisa, uma vez que, como se disse, vivemos tempos de exceção. Nem por isso deixei de ficar admirado quando, no passado dia 27 de

A Dívida, o Investimento e as eleições em Oliveira de Azeméis, por José Eduardo Oliveira

I.          O atual executivo camarário oliveirense, liderado pelo Partido Socialista, assumiu a tarefa de liquidar na totalidade, e até 2021, a dívida [1] do Município. Durante todo o atual mandato autárquico, a população oliveirense viu-se confrontada com um vaivém de notícias sobre a situação da dívida Municipal sem que para isso tivessem sido apresentados dados concretos que mostrassem o real desempenho das contas locais. Ora em 2018 a Câmara apresentava resultados “extraordinários” [2] que refletiam um putativo endividamento nulo, ora gabava-se o Presidente da Câmara que a redução de dívida se devia à diminuição, entre outros, “em cerca de 50% no custo de eventos culturais, como a Noite Branca e o Mercado à Moda Antiga” [3] . Temos por assente que a situação financeira de qualquer entidade é da máxima importância, de que o cumprimento das obrigações que assumimos revela um importante exercício de exigência, de rigor que trará benefícios a longo prazo. Contudo, como pode, um