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A Festa da Geringonça, por Pedro Santos Dias


Quando se fala em política, em poder político vem à memória a democracia, a ideia  substancial  de  igualdade  e  equidade.  No  entanto  vivemos  tempos  díspares,  de extremos, denota-se isso nos acontecimentos que todos os dias correm a fita indelével dos  meios  de  comunicação,  o  índice  de  criminalidade  aumentou  drasticamente,  as queixas de descriminação e racismo dispararam em Portugal desde 2017, com elevada acentuação neste ano, da última vez que escrevi para aqui, honra que muito me orgulho, atendi à medida pouco democrática de rastrear uma determinada comunidade devido à Covid-19,  a  falta  de  eloquência  democrática  nessa  altura  por  parte  de  um  Partido  de Extrema-Direita, posição tão perigosa em democracia, aquilo por que se lutou há tantos anos:  a  liberdade,  é  um  linha  permeável,  demasiado  fragilizada  para  nos  deixarmos envolver em posições ditatoriais e pouco éticas, são essas mesmas posições que levam ao   fracasso   das   nações.   Quando   se   fala   em   Democracia   salta-nos   à   vista   o conhecimentogeral do povo, afinal o Estado não é mais que o conjunto total das suas pessoas, o Estado somos nós: pedreiros, advogados, engenheiros, médicos, a mãe que cuida do filho em casa, os avós, os desempregados que tanto têm vindo a crescer, o Estado  somos  nós e  todas  e  quaisquer  políticas  de  extrema  tendem  a  denegrir  e  a desmoronar o efeito democrático.

Estamos no início de um novo ano letivo que tem sido extremamente atípico, as nossas crianças voltarão às escolas onde privadas de brincarem livremente, onde o foco  de contágio  será  elevado  se  não forem tomadas  todas  as medidas necessárias. Mesmo  com  esse  foco  incendiário  sobre  o  Ministério  da  Educação  e  sobre  a  DGS, estamos a dias da maior festa do ano num ano tão impróprio, afinal realizar-se-á a Festa do Avante, enquanto crianças estiveram em regime ministrado à distância desde março, enquanto pais estiveram em casa para cuidar e ensinar o melhor que sabem, faltando aos   empregos,   perdendo   rendimentos,   por   uma   necessidade   eleitoralista   e   de funcionamento da máquina do Estado: a Geringonça –permite-se a realização da festa do Avante, os meus camaradas da Esquerda defendem-se com a necessidade urgente da sua realização para que não nos esqueçamos do que é a liberdade, dislates.

Vejamos,  trata-se  de  colocar  16.563  camaradas  num  recinto  a  ouvir boa música, eventualmente higienizarão as mãos à entrada, tirarão as máscaras para comer, beber e dar uns beijos, uns apertos de mão e no meio alguns assintomáticos, outros  infetados  que  desconhecem  e  outros  ainda,catorze  dias  mais  tarde  estarão  a colapsar o SNS, por uma necessidade democrática de fazer um arraial. Perdoem-me o modo  grotesco  como  expresso  a  minha  opinião,  penso  que  no  arranque  de  um  ano letivo,  repleto  de  incertezas,  onde  o  risco  é  enorme  e  onde  dizem  aproximar-se  uma segunda  vaga  de  um  vírus  com  mutações  diversas  que  dificultaem  tudo  a  criação  e viabilização de uma vacina sustentávelpromover e realizar uma festa comunista porque é tradição é no mínimo uma ofensa às pessoas e a todos os profissionais de saúde que lutam diariamente, em turnos intermináveis por salvarem a vida de outrem.

Vê-se  o  Governo  mais  uma  vez  a  ser  uma  muleta  do  Partido  Comunista,  a necessitar do seu apoio e voto, como se este fosse a galinha dos ovos d’oiro, trata-se de  um  esquema  puramente  eleitoral  que  poderá,  eventualmente,  trazer  condições catastróficas para Portugal, referente aos dados de dia um de setembro temos 14.315 casos ativos e a lamentar profundamente 1.824 óbitos, valores que poderão disparar nos próximos dias. Como disse o Sr. Presidente da República em desespero a uma cidadã revoltada por ter um Governo liderado por António Costa quando aparentemente votou no  vencedor  minoritário  dessas  legislativas,  com  total  desconhecimento  que  a  CRP permite  esta  situação  e  que  por  mais  revoltante  que  seja,  está  repleta  de  legalidade,
mesmo que seja um esquema grotesco e brutal que poderá ceifar mais vidas e a própria economia  do  País.  Tenha-se  consciência  e  deixemo-nos  de  posições  eleitorais, pensemos  nas  pessoas,  pensemos  no Estado  Português  e  se  possível  que  não  se realize a Festa do Avante, não que isto tenha algo com a cor partidária, com a Social-Democracia, tem única e exclusivamente relação com as pessoas, que neste 2020 tão impróprio têm sofrido quanto baste.

Pedro Santos Dias

Foto: António Pedro Santos/ Lusa

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